“Os próximos três anos serão ainda mais difíceis”, disse o presidente da LGMG sobre os desafios que a empresa enfrenta no país e no exterior

“Os últimos cinco anos foram difíceis, mas para muitos os próximos três anos serão ainda mais difíceis.”

É o que diz Yu Mengsheng, presidente da Lingong Heavy Machinery (LGMG), uma das dez maiores fabricantes de plataformas de acesso do mundo.

Como um dos primeiros grandes fabricantes de equipamentos originais (OEMs) de construção chineses a entrar no mercado de acesso em 2015, a LGMG aproveitou a onda de um crescente mercado de construção nacional, ajudando-a a se expandir para os mercados europeu e norte-americano.

Atualmente, a empresa envia máquinas para 60 regiões ao redor do mundo e cerca de 40% da produção em sua vasta unidade de Jinan é composta por equipamentos de acesso, complementando a antiga divisão de produtos de mineração da LGMG.

Desafios pós-pandemia

Mas, desde a pandemia, diz Yu, a empresa tem sido assolada por uma longa lista de desafios, incluindo a estagnação do crescimento doméstico, um setor de aluguel chinês altamente competitivo, a introdução de tarifas antidumping e antissubsídios sobre PEMT/PTA importadas da China para a UE, tarifas de importação dos EUA e se tornou alvo de uma investigação pelo executivo de Saúde e Segurança do Reino Unido depois que uma de suas máquinas se envolveu em um acidente grave.

“Em 2015, pensávamos que o mercado chinês teria 10 anos de crescimento, mas foram apenas cinco”, diz Yu. “Antes [de 2019], o mercado era muito robusto e todos lucravam.”

A competição acirrada no mercado levou os fabricantes a oferecer máquinas para empresas de aluguel com condições de pagamento longas e extremamente atraentes — muitas das quais acabaram nunca sendo cumpridas.

“Com o crescimento das grandes locadoras, uma concorrência acirrada foi introduzida no mercado, o que reduziu os preços e o lucro geral”, diz Yu. “Muitos participantes do mercado têm se mostrado avessos a uma gestão de risco sensata.”

Parte da fábrica da LGMG em Jinan, China

Com a economia doméstica desacelerando desde a pandemia e o governo chinês não gastando tanto na construção de megaprojetos, Yu diz que os clientes chineses não têm comprado na mesma quantidade.

Além disso, ele afirma que a LGMG e seus concorrentes se tornaram vítimas do próprio sucesso. A confiabilidade dos equipamentos produzidos na China provou ser alta, o que significa que as PEMT/PTA podem ter um ciclo de vida de 10 anos e, portanto, muitos clientes não estão buscando substituir suas frotas.

As vendas no exterior também estão enfrentando obstáculos.

Este ano, a Comissão Europeia introduziu novas tarifas antidumping e antissubsídios sobre PEMT/PTA importadas da China para a UE.

A mudança levou muitos fabricantes de PEMPs e Plataformas de Trabalho (PEMPs) a montar unidades de produção fora da China para evitar custos adicionais.

A LGMG iniciou a produção em sua fábrica mexicana altamente automatizada, com capacidade para 15.000 unidades, localizada em Monterrey, em dezembro de 2023, mas atualmente não possui instalações de produção europeias.

A empresa afirma que a nova fábrica pode acomodar a produção para o mercado americano e, em parte, para a crescente demanda na Europa. No entanto, a empresa estima que atualmente 99% dos equipamentos que vende para compradores europeus são produzidos na China e, portanto, estão sujeitos a impostos de cerca de 30%.

Transferência da produção para fora da China

Embora a fábrica mexicana da empresa, com capacidade para 15.000 unidades, possa atender parte da demanda total da Europa, ela não conseguirá suprir toda ela, diz Yu. "Produzimos uma ampla gama de equipamentos lá, mas a maior parte será para o mercado americano."

A LGMG originalmente tinha uma filial de 4.600 metros quadrados em Roterdã e, há três anos, construiu outro depósito de 18.000 metros quadrados para peças e distribuição.

“Fomos os primeiros [fabricantes chineses] na Europa a abrir uma filial no continente”, diz Yu, “e os primeiros a abrir um centro de peças”. No entanto, ainda não há produção no continente.

Portanto, o plano é estabelecer unidades de produção na Europa, sendo parte dessa estratégia encontrar um parceiro adequado no continente. Se isso envolverá uma aquisição na região, Yu ainda não pode confirmar.

O mais preocupante para Yu é que um dos produtos mais recentes da empresa, o elevador de tesoura para terrenos acidentados SR2024E, se envolveu em um acidente recente no Reino Unido e está sendo investigado pelo Departamento de Saúde e Segurança do Reino Unido (HSE).

Elevador AR20JE da LGMG em ação. Foto: LGMG

“Sentimos muito pelas pessoas afetadas por isso. Ninguém quer ver um incidente como este, especialmente as famílias envolvidas”, disse ele ao Access International.

A LGMG afirma que fornecerá todo o apoio possível ao HSE e à investigação. (Veja mais detalhes no quadro abaixo).

Yu acrescentou que a LGMG se orgulha da qualidade de seus produtos. "Estamos no mercado há 11 anos e nunca tivemos problemas como este, na China, no Reino Unido ou em qualquer outro lugar."

Compreendemos as preocupações decorrentes do recente incidente. À medida que a investigação oficial prossegue, incentivamos todos a aguardar suas conclusões antes de fazer qualquer julgamento.

No entanto, apesar dos desafios reais do presente, a LGMG está otimista quanto às perspectivas de longo prazo do mercado de plataformas de acesso, tanto na China quanto no exterior.

No que diz respeito ao mercado americano, a perspectiva é positiva, acredita Yu, com grandes projetos de construção e aumento nas vendas da LGMG nos próximos meses. Há um mercado crescente para plataformas articuladas, enquanto a construção relacionada a novas fontes de energia e data centers, por exemplo, está oferecendo grandes oportunidades.

Enquanto isso, na China, a empresa prevê que o número total de PEMT/PTA operando somente no país aumentará significativamente, de cerca de 800.000 atualmente para 1,2 milhão nos próximos cinco anos, impulsionado tanto pela recuperação do setor de construção nas grandes cidades quanto pelo crescimento nas vastas áreas rurais do país.

“Com o tempo, a demanda retornará por meio da reconstrução de grandes shoppings e edifícios altos”, diz Yu, “mas para um crescimento real, o governo deve se esforçar mais em novos edifícios”.

Yu acredita que, com a queda nos preços dos equipamentos, pequenas empresas em áreas rurais podem investir neles, substituindo as formas tradicionais de trabalho em altura.

“A China tem uma população de 1,4 bilhão de habitantes e mais de 10.000 pequenas cidades. No momento, raramente se vê equipamentos de acesso por lá, mas há bolsões e isso vai crescer”, diz ele. “Os equipamentos de acesso estão se espalhando para áreas fora das grandes cidades, onde cresceram muito rapidamente no passado, e para o nível dos condados.”

Mercado de aluguel chinês amadurece

Além disso, o mercado de aluguel no país está se tornando mais maduro. Algumas locadoras menores encerraram suas atividades, enquanto as maiores começaram a aumentar seus valores de aluguel, explica Yu.

Além disso, as pequenas empresas familiares, que estão aumentando a demanda por equipamentos de acesso, estão buscando aluguéis de curto prazo, de 10 a 20 dias, e o setor está observando uma mudança do modelo de aluguel de longo prazo.

“Para empresas fortes, os tempos mais difíceis acabaram, e o mercado está melhorando lentamente.”

E a LGMG espera que o governo chinês possa introduzir novos padrões de segurança exigindo o uso de plataformas de acesso ao trabalhar em altura.

A LGMG está trabalhando ativamente com associações para fazer lobby pela introdução de padrões específicos para PEMT/PTA.

“Se isso acontecer, será uma grande ajuda para o setor de locação em termos de segurança e crescimento.”

Últimos lançamentos

O H625E. Foto: LGMG

Na Bauma 2025, a LGMG exibiu seus elevadores de lança telescópica T26JE-2 e T38J-2, além do elevador de lança articulada AR20JE-2. O T26JE-2 possui uma nova lança em torre em paralelogramo. O T38J-2 é equipado com uma estrutura de expansão de chassi tipo X para transporte compacto e operações em áreas confinadas. Tanto o T26JE-2 quanto o AR20JE-2 são alimentados por baterias de lítio de 80 V de alta capacidade e equipados com PMSM (motor síncrono de ímã permanente) como motor de elevação.

Este sistema avançado integra o motor e o controlador em uma única unidade livre de manutenção. O PMSM reduz o consumo de energia e os custos operacionais. A empresa também exibiu sua maior e mais alta plataforma elevatória elétrica, a S2012E. A plataforma elevatória tem altura máxima de trabalho de 22 m, capacidade máxima de plataforma de 750 kg e uma plataforma extensível de 1,8 m para maior cobertura de trabalho. A S2012E permite que até quatro pessoas trabalhem em ambientes internos e externos. A empresa também exibiu seu primeiro manipulador telescópico elétrico, o H625E.